Hoje, ao ler a primeira edição de Ultimate Spider-Man, número 1, comecei a refletir sobre como o tempo longe dos quadrinhos me fez aceitar melhor as novas histórias. Mas talvez não seja só isso. Talvez algo realmente tenha mudado nos gibis de hoje. E posso afirmar com certeza: Ultimate Spider-Man é tudo o que eu sempre quis em uma boa história em quadrinhos.
A história, escrita por Jonathan Hickman, um dos roteiristas mais aclamados e inovadores da atualidade, traz uma visão refrescante do Homem-Aranha no universo Ultimate. Hickman, conhecido por seu trabalho em títulos como Fantastic Four e Avengers, cria uma trama ousada e cheia de reviravoltas. E, claro, a arte de Marco Checchetto, que tem um estilo dinâmico e cheio de detalhes, complementa perfeitamente a narrativa.
No enredo (claro, teremos spoilers), Reed Richards de um universo paralelo, após a destruição de seu próprio mundo em Guerras Secretas, adota um novo universo para si e elimina todos os super-heróis que possam ser uma ameaça – incluindo o Homem-Aranha. O Peter Parker que encontramos nesse universo é bem diferente do que conhecemos: ele é mais velho, casado com Mary Jane Watson, pai de dois filhos e, aparentemente, passando por uma crise de meia-idade. Apesar disso, ele ainda trabalha como fotógrafo no Clarim Diário, ainda lidando com o temperamento de J. Jonah Jameson.
A verdadeira magia desse tipo de universo paralelo está na mistura da familiaridade com a surpresa. Ultimate Spider-Man é uma reinvenção que mantém os elementos clássicos do Homem-Aranha, mas os coloca em novas situações que nos fazem questionar tudo o que sabemos sobre esses personagens. E isso é algo que Hickman faz com maestria.
Um dos momentos mais interessantes acontece quando Peter chega ao Clarim Diário e ouve Jameson gritar por "Parker". O que seria apenas uma típica troca entre os dois se transforma em uma grande surpresa quando Jameson não está chamando Peter, mas sim... Ben Parker! No universo Ultimate, o Tio Ben não morreu e, em uma reviravolta ainda mais chocante, trabalha para Jameson. Isso quebra completamente a expectativa do leitor e adiciona uma camada de complexidade ao universo.
E as surpresas não param por aí. Jameson, tradicionalmente rabugento e obcecado em perseguir o Homem-Aranha, é retratado de forma diferente. Em um ponto crucial, ele até pede demissão do Clarim Diário quando descobre que o jornal está sob a influência do Rei do Crime. Essas mudanças no comportamento dos personagens clássicos trazem uma sensação constante de novidade, mesmo dentro de um contexto familiar.
O que mais me atrai nessa nova fase de Ultimate Spider-Man é a liberdade criativa que Hickman tem ao trabalhar em um universo paralelo. Sem o peso de décadas de continuidade, Hickman pode criar uma narrativa mais ágil e acessível, mas sem perder a profundidade. Para quem é fã do Homem-Aranha, é uma ótima forma de revisitar o personagem, mas sem as limitações que muitas vezes surgem com a longa história do herói. E, para quem está começando agora, é uma porta de entrada perfeita, pois o Peter Parker aqui é mais humano, mais real, e seus problemas são os mesmos com os quais qualquer leitor pode se identificar.
O trabalho de Marco Checchetto é outro ponto alto. Seu estilo de arte é altamente expressivo e dinâmico, com uma atenção aos detalhes que traz vida e intensidade para cada página. Ele consegue capturar a energia das cenas de ação e também os momentos mais introspectivos, dando à narrativa uma fluidez e um impacto visual impressionantes.
Em resumo, Ultimate Spider-Man de Jonathan Hickman e Marco Checchetto traz uma nova perspectiva para o Homem-Aranha, com uma história cheia de surpresas, um universo paralelo rico em mudanças e personagens que, apesar de familiares, estão longe de serem previsíveis. É uma leitura recomendada tanto para quem já é fã do personagem quanto para quem quer descobrir o Homem-Aranha de uma maneira inédita.
Eu mal posso esperar para as próximas edições. Ultimate Black Panther já está na minha lista.
Comentários
Postar um comentário